sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Mais um para a lista de Donald E. Brown

É interessante ouvir certos comentários feitos por pessoas que não cultivam o hábito de apreciar música erudita e que também, por terem os ouvidos deseducados, se sentem distanciadas dessa necessidade humana. Sim, necessidade. Esse tipo de música parece ser aceito por nossa programação natural ( já levando em consideração que somos máquinas de processamento de informação) da mesma forma que certos softwares são melhor instalados no Windows do que outros.

Esse fato é comprovado por relatos dos admiradores de Bach que alegam sentir a perfeição do Universo através de suas músicas. Escutar música erudita não é,portanto, apenas um luxo inventado pela cultura europeia e cuja aceitação dependa do contexto cultural do indivíduo. Saber apreciá-la é, na verdade, um potencial universal da espécie e também capaz de abrir as portas da nossa percepção para experiências no mesmo nível daquelas relatadas por monges durante a meditação.

Então o que falta para as pessoas, tão contaminadas por música vulgar (não desmerecendo os verdadeiros estilos populares) , embarcarem nesse novo mundo, uma vez que isso seria algo de sua própria natureza? Apenas contato. Ninguém precisa estudar teoria musical durante anos para entender de música erudita. Á primeira vista pode haver algum estranhamento, mas com o tempo você pode até se viciar. É como escrever: quantos não passaram do sofrimento diante de uma folha de papel em branco ao prazer de transmitir a mensagem que quiserem?

E como isso se dá? Treino. Por mais que os compositores aleguem que qualquer ser humano tenha sensibilidade suficiente para suas músicas, você precisa de posicionamentos como ter paciência para escutar todos os movimentos de uma peça. Assim, percebe-se que um concerto, ou uma obra qualquer, procura transmitir uma mensagem com começo, meio e fim da mesma forma que outras manifestações humanas. Também ajuda escutar a mesma peça várias vezes ou obras diferentes do mesmo compositor ou período. É um modo de ser dar conta de padrões e intenções que na maioria das vezes não são notados. E quando se tem sucesso, você fica com uma sensação de conquista que te impulsiona para novas descobertas. Há um feedback positivo.
Experimentem:


Um Refluxo de Minha Idiossincracia

As coisas estão insatisfatórias, mas eu não tenho o direito de reclamar. Ainda assim, é legítimo dizer que não sou muito afortunado. É da monotonia que eu falo, mas ao mesmo tempo estando consciente que eu dependo só de mim mesmo para dar vazão a uma suposta vontade de potência.

Talvez nem desta necessidade eu possa me queixar; é tarde demais. A idiossincracia de meu Ich parece obedecer à lógica: se não é para ser, que não seja. Anos e anos de não encaixe, de falta de foco, de procura, atormentado por uma indefinida vontade de potência que... Basta! O máximo que se pode é ter a ilusão de tangenciar o problema. Mas se alguém reclama de algo, pode ter certeza que esse algo existe. Três coisas indubitáveis: a existência do Ich, do mundo lá fora e de descompassos. Pois bem, isso é como uma crise de um mal crônico: aflige, põe em dúvida, existe. Mesmo assim, resta alguma vontade de potência; espero ainda que eu possa, algum dia, deparar as coisas ajustadas de forma que esta encontre seu caminho e eu, algum equilíbrio.

Sempre devaneio sobre esse momento. Se ele realmente aconteceu no espaço-tempo, suas raízes estão também no agora, neste texto! É interessantíssimo imaginar minha figura, em algum momento futuro, comtemplando a superação e deleitando-se com a análise de como operava essa estrutura cognitiva.Isso! A raiz está é justamente tentar contemplar. E isso, agora, significa, de forma mais precisa, olhar apenas, mas não com tanta obsessão. É realmente comtemplar?! No presente, sim, já que outra forma de abordagem resulta sempre no despropósito que tem sido a alma desse texto. Senão vejamos: a coisa não é tangenciável, mas ao mesmo tempo opera muito no meio, logo isso leva a um Nichts semelhante á antimatéria; uma coisa dessas presica ser tratada com materiais que protejam o Ich do descabimento sem limite.

Seria perfeito, mas vejam que boneco de palha. A solução é exatamente um elemento embutido no problema. Eu não pude demonstrar os meios da tal contemplação, foi só uma exposição de seus atributos. Pensando bem, não é tão boneco de palha assim. Contrastando com a idiossincracia habitual, isso é meio caminho andado.